Ética na escola
Lição de respeito e solidariedade
Lição de respeito e solidariedade
Parceria com universidade dos Estados Unidos beneficia estudantes de Joinville
Rogério Kreidlow
Especial
Marcelo Fabiano da Silva Ehlke, 19 anos, era um aluno rebelde que desafiava professores e incomodava na sala de aula. Brigou com o professor Márcio Addon, em 2006, quando estava na 7ª série e desistiu dos estudos. Pouco depois, arrependeu-se. Lembrou de valores despertados pela professora Auricélia da Silva Lima Addon, mulher de Márcio, na Escola Municipal Maria Amin Ghanem. “Aí vi que tinha feito uma burrada. Resolvi pedir desculpas a eles e fazer as coisas certas”, conta.As atividades e valores a que o ex-aluno se refere fazem parte do programa O Caráter Conta, iniciado em escolas municipais e estaduais de Joinville em 2004. Ontem, agentes do programa voltaram a visitar a escola em que Marcelo estudou, na Cohab do Aventureiro. O jovem fez questão de acompanhar. Segundo Auricélia, que coordena o programa na escola, Marcelo se tornou outra pessoa depois que reviu o que tinha feito. Passou a colaborar em atividades do programa. Não voltou à mesma escola por causa da cidade, mas hoje continua os estudos com ajuda de um supletivo.Trabalhar questões como a de Marcelo, incentivar o respeito, a solidariedade, o diálogo e a ética entre alunos é o objetivo do projeto, segundo o coordenador pedagógico em Joinville, Jorge Schemes, da Gerência Regional de Educação (Gered), que apóia a iniciativa. A cidade é a única no País a desenvolver as atividades, de acordo com Schemes. O programa chegou a Joinville por meio do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (Iepes), responsável pela parte financeira, e conta com apoiadores.
rogerio.kreidlow@an.com.br
Os brasileiros aprendem com os americanos
A universidade Virginia Tech, de Virginia, Estados Unidos, participa diretamente das atividades do O Caráter Conta. Seis agentes da instituição participaram da capacitação de cerca de 150 professores estaduais de Joinville, na terça e quarta-feira. Três deles interagiram com 20 alunos da escola Maria Amin Ghanem, ontem, para avaliar o andamento das atividades. Brian Hairston, há oito anos no programa e pela primeira vez no Brasil, disse que a parceria com escolas de Joinville é ótima. “A capacitação de professores foi muito proveitosa e a escola está correspondendo”, elogiou.Jorge Schemes disse que o programa começou com dez escolas municipais e dez estaduais. Hoje, são cerca de 45 escolas que já adotaram as diretrizes. “A cada ano, escolhemos novas escolas para participar da avaliação. Este ano, foi aqui no Aventureiro”, disse. As crianças que participam das avaliações são escolhidas aleatoriamente, de acordo com a professora Auricélia. Baseadas na experiência de Joinville, escolas de Minas Gerais se mostraram interessadas em aderir ao programa.A ONG Companheiros das Américas, o Josephson Instituto de Ética, americano, a Associação Brasileira dos Magistrados e a Escola Nacional de Magistratura apóiam o projeto.
Cuidado com o ambiente e com o colega
O estudante da 7ª série, Renan Santos Alipio, 12 anos, participou da avaliação do Programa O Caráter Conta ontem. Junto de outras crianças de 6ª, 7ª e 8ª séries, desenvolveu atividades como ajudar um colega com uma venda nos olhos a se locomover. Numa sala ao lado, outras dez crianças participavam de uma avaliação mais formal, com relatos e discussão de idéias.“Acho o programa importante, porque faz a gente ter mais responsabilidade com o meio ambiente, com as pessoas. A gente aprende que tem de pensar nisso desde a hora de jogar um papel de bala no chão, por exemplo”, disse o estudante. Segundo ele, o contato com os agentes norte-americanos e com alunos de outras turmas também é um jeito de fazer amizades.John Blankenship e Jennifer Unroe, da Universidade Virgínia Tech, acompanharam as atividades do grupo com ajuda de um tradutor. A diretora da escola, Meire Diógenes Silva, disse que as turmas são incentivadas a desenvolverem atividades ligadas ao programa durante todo o ano letivo. Atualmente, em pilares e paredes da escola, pode-se ver cartazes produzidos por alunos. Neles, estão as palavras-chaves do programa: sinceridade, respeito, responsabilidade, senso de justiça, zelo e cidadania.
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Valores humanos
Raul Sartori
Neste mundo em que se invertem valores, uma notícia raríssima: sinceridade, senso de justiça, responsabilidade, cidadania, zelo e respeito, valores indispensáveis para a formação do caráter humano, estão sendo ensinados desde 2004 nas salas de aula de Joinville e região, dentro do Programa O Caráter Conta, que vai ganhar um reforço. Mais 200 professores da rede estadual terminam hoje um treinamento com seis especialistas americanos da Universidade Virginia Tech. O programa demonstra que caráter é resultado do compromisso de fazer a coisa certa, da consciência do que é correto e da competência para tomar decisões éticas. sartori@matrix.com.br
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Curso capacita a falar sobre valores básicos
Seis especialistas norte-americanos da Universidade Virginia Tech, do Estado da Virgínia, coordenam hoje e amanhã um curso de capacitação de professores da rede estadual. Eles participam do Projeto O Caráter Conta, adotado por Joinville em 2004.O professor de filosofia Almir Soares da Silva coordena as atividades do projeto na Escola de Educação Básica Professor João Martins Veras, bairro Anita Garibaldi, há três anos. Os temas são trabalhados no teatro, música, redação e palestras curtas. "Percebemos maior resultado na cidadania quando os alunos de 16 anos começaram a se interessar em votar", exemplifica o professor. Sinceridade, senso de justiça, responsabilidade, cidadania, zelo e respeito são os seis valores que dão base à proposta. O projeto é realizado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais (Iepes), em parceria com o governo do Estado, ONG Companheiros das Américas, com apoio da Associação Brasileira dos Magistrados e Escola Nacional de Magistratura."Reconhecemos que é na família que a formação do caráter se inicia, mas também é uma responsabilidade das organizações", justifica a mestre em educação e coordenadora do projeto, Glenda Snyder.
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